"Nem peixe, nem ave, nem um bom arenque vermelho."
John Fante
​
​
​
​
​
Em uma passagem do livro "A mídia e a modernidade" em que explica a presença de tradições na sociedade mesmo em um estágio avançado do capitalismo, o sociólogo americano John B. Thompson comenta que a tradição não pode ser entendida meramente como "um retorno ao passado, um refúgio de almas acanhadas, um apego irracional a algo destinado a desaparecer".
Na época em que li o livro, lembro-me da sensação meio ansiosa que esse trecho me despertou. Acho que entendi seu ponto de que nem tudo que é sólido se desmancha no ar. Mas isso não necessariamente importa. Só conseguia pensar, de maneira um tanto repetitiva como às vezes me ocorre, que não havia problema nenhum com a imagem de um “refúgio de almas acanhadas” – pareceu-me tão bonito esse lugar.
De algum modo, o jornalismo – o jornalismo ensaístico, literário, das grandes reportagens, da reflexão crítica e intelectual – ocupou esse espaço de refúgio em minha vida. E, enquanto ideia e possibilidade, continua ocupando.
A Revista Lenta surge, nesse sentido, como um exercício prático de refúgio para diferentes formas de jornalismo reflexivo e para aqueles que estão interessados nesses caminhos. Um refúgio que não busca o anonimato, mas o diálogo, o compartilhamento, a troca de experiências com outros espaços de criação jornalística independente e emancipatória e com seus leitores.
Com o nome da revista, claramente, buscamos nos colocar em uma tendência contrária ao jornalismo ágil da tecnocultura, às exigências da pressa mercadológica.
Mas não somos beligerantes. Acreditamos na beleza da experiência do tempo.
Na revista, você irá encontrar reportagens, ensaios, artigos, análises críticas e outros exercícios de jornalismo lento.
Se gostar de nossos textos, você pode apoiar a revista:
​
Financiamento mensal: https://apoia.se/revistalenta
​
​
Ficaremos felizes de tê-lo conosco.
Junho de 2023,
João Barros, editor da Revista Lenta